Berlim: o que visitar em 5 dias

Berlim o que visitar em 5 dias

Se tivesse que escolher um local para visitar novamente, Berlim estaria certamente na lista. Não tanto pela sua beleza (não é Paris!) mas sim pelos acontecimentos que a marcaram.

Antiguidade e modernidade cruzam esta cidade. Brutalmente atingida e praticamente destruída na sua totalidade durante a Segunda Guerra Mundial, Berlim ainda recupera, ainda refloresce, e os vestígios históricos das guerras por que passou encontram-se a cada esquina.

Para os amantes de arte e das temáticas bélicas como são o caso da Segunda Grande Guerra e da Guerra Fria esta é, sem dúvida, uma cidade imperdível.

Queres saber o que fazer em Berlim? Continua a ler!

Berlim: o que visitar em 5 dias – dia 01

Walking tour e Sachsenhausen

Começámos o dia fazendo um walking tour em jeito de introdução à cidade. Marcámos o nosso tour através da Sandemans New e escolhemos a opção gratuita (cerca de 2h30m) que começa na Pariser Platz e que passou pelos seguintes pontos turísticos:

  • Portas de Branderburgo
  • Memorial do Holocausto
  • Local do bunker de Hitler
  • Ministério das Finanças (antiga sede da Luftwaffe)
  • Muro de Berlim
  • Checkpoint Charlie

Neste conceito de walking tour gratuito no final cada um dá o que quiser ao guia não havendo um pagamento obrigatório. Aconselho realmente a fazer um tour pela cidade logo no início pois dá para conhecer alguns dos principais pontos, saber o que visitar e ter conhecimento dos pormenores que não vêm nos guias. O tour foi espetacular e o guia também, sempre muito divertido e prestável.

À tarde passámos para um clima mais sombrio porque a isso o campo de concentração de Sachsenhausen o obriga. Situado a 35 km de Berlim é facilmente alcançável de comboio (S-bahn) bastando apanhar a linha S1 (Wannsee – Oranienburg) e sair na última estação (Oranienburg). A viagem dura cerca de 45 minutos e depois pode-se ir a pé até ao campo (cerca de 20 minutos). Para lá tivemos a sorte de apanhar um autocarro logo à saída da estação mas para voltar viemos a pé e apanhámos novamente a linha S1.

Este campo de concentração foi construído em 1936 e inicialmente só recebia prisioneiros políticos. Mais tarde começaram a chegar também judeus, polacos, militares soviéticos, homossexuais e os que não se enquadravam no regime nazi ou que eram contra ele. O número de prisioneiros atingiu os 200.000, dos quais metade acabou por morrer de doença, executados ou vítimas de abomináveis experiências médicas.

Sachsenhausen

Em 1945 foi libertado pelos soviéticos e foi reutilizado por estes durante 5 anos. Serviu de prisão para políticos e presidiários condenados pelo Tribunal Militar Soviético, bem como oficiais alemães, nazis, anti-comunistas  e soldados com doenças sexualmente transmissíveis. Durante estes 5 anos morreram aqui mais 12000 pessoas.O campo está rodeado de árvores e o silêncio é quase absoluto. O dia estava escuro e pairava ainda sobre este local um ambiente pesado. No caminho que leva aos portões do campo são expostas, em fotografia, as condições em que aqui se vivia e o dia-a-dia dos que por aqui passaram.

É possível entrar em vários edifícios (alguns originais, outros reestruturados), mas muitos deles foram destruídos dando apenas para perceber onde se situavam.

Os locais mais marcantes para mim:

  • As barracas dos prisioneiros, algumas ainda com as camas e os lavabos, todas com aquele cheiro característico da madeira das linhas de comboio.
Sachsenhausen
Sachsenhausen
  • A prisão, para onde era levado quem infringia as regras do campo e figuras proeminentes detidas pela Gestapo. Um local de tortura e morte.
  • A enfermaria, utilizada para prestar cuidados médicos mas também para matar e para experiências bizarras.
  • A “Station Z”, inicialmente uma vala de fuzilamento onde os prisioneiros chegavam de camião e  aqui eram “descarregados”, mais tarde passou a ter também câmaras de gás e crematórios. Aqui foram exterminadas milhares de pessoas.
Sachsenhausen

Em 1945, com a aproximação do Exército Vermelho, começaram os preparativos para a evacuação do campo. Mais de 33.000 pessoas foram obrigadas a caminhar a pé. A maior parte delas completamente exaustas e sem forças para continuar acabariam colapsar vencidas pelo cansaço ou abatidas a tiro. Esta foi apenas uma das muitas “Marchas da Morte”.

Berlim: o que visitar em 5 dias – dia 02

Ilha dos Museus

Este segundo dia foi dedicado à Ilha dos Museus. Comprámos o Museum Pass Berlin que por apenas 24€ dá acesso a mais de 50 museus e é válido por 3 dias.

Visitámos os 5 museus da ilha.

  • Altes Museum – maior e mais importante museu do mundo em termos de arte da Antiga Grécia, Etrusca e de Roma.
  • Neues Museum – foi extremamente danificado por bombardeamentos durante a Segunda Guerra e só reabriu em 2009, aqui destaca-se a o Museu Egípcio que alberga uma das mais importantes obras de arte egípcia que é o busto de Nefertiti.
  • Pergamon Museum – incide sobre a antiguidade clássica, o oriente e arte islâmica, e conforme o nome indica alberga o Altar de Pérgamo.
  • Bode Museum – acolhe arte bizantina, esculturas, moedas e medalhas.
  • Alte Nationalgalerie – fantástica coleção de pinturas e esculturas europeias do século XIX.

Nesta ilha é também possível visitar a Berliner Dom (catedral de Berlim) e o Lustgarten, um agradável jardim onde podemos encontrar uma enorme pia em granito colocada aqui em 1828 que era na altura a maior do mundo.

Berlim: o que visitar em 5 dias – dia 03

Museum für Naturkunde, Hamburger Bahnhof, Gemaldegalerie, Topographie des Terrors, Muro de Berlim e Reichtag

Neste 3º dia optámos por continuar a visitar museus mas desta vez com temáticas distintas. O primeiro foi o Museum für Naturkunde, um museu de história natural que, de certa forma, me fez lembrar o British Museum em Londres, pelo seu esqueleto de dinossauro no hall de entrada que foi descoberto na Tanzânia em 1909 e que por sinal é o maior do mundo.

Museum für Naturkunde

Este museu tem uma vasta coleção de borboletas, aves, mamíferos, minerais, meteoritos, fósseis, entre outros, perfazendo mais de 30 milhões de espécimes.

Destaco principalmente:

  • “Wet Colletion” que consiste num conjunto de espécimes de todos os grupos de animais, preservados em recipientes de vidro numa mistura de água e álcool que os impede de se decomporem; chega a ser um pouco assustador!
  • A sala da Taxidermia (técnica de preservação da forma da pele e seu tamanho), onde uma das principais atrações é o gorila “Bobby” que viveu no Jardim Zoológico de Berlim de 1928 até 1935; passados mais de 80 anos da sua morte e mesmo tendo sido danificado durante a Segunda Guerra num dos bombardeamentos levados a cabo sobre Berlim, continua a fascinar os visitantes pelo seu estado de conservação graças à técnica empregada.
Hamburger-Bahnhof

Daqui seguimos até Hamburger Bahnhof. Outrora uma estação de caminhos de ferro é agora um museu de arte contemporânea. Desiludiu-me muito. O edifício é realmente muito bonito mas a exposição era um pouco fraca e o famoso quadro de Mao Tsé-Tung de Andy Warhol que queríamos ver não estava exposto. Além disso, todo o pessoal foi extremamente antipático, não falaram ou não quiseram falar uma única palavra de inglês (o que em Berlim não é normal) e senti-me perseguida por todas as partes do museu. Cerca de 15 minutos chegaram para ver as exposições e depressa saímos dali.

Gemaldegalerie

À tarde visitamos a Gemaldegalerie, um dos museus mais importantes do mundo devido à sua coleção de arte europeia, mas também porque as obras aqui expostas são de alta qualidade, escolhidas ao longo dos anos por especialistas, de forma a garantir que as maiores escolas europeias aqui estivessem representadas. Destaco a magnífica obra de Pieter Bruegel, “Os Provérbios Holandeses” (1559), onde são ilustrados mais de 100 provérbios. Divirta-se a tentar encontrar alguns deles!

De seguida fomos até à Topographie des Terrors. Durante o Terceiro Reich, foi neste quarteirão que 3 dos mais temíveis departamentos nazis se encontravam sediados. Atualmente alguns dos edifícios já não existem visto que depois de terminar a guerra muitos deles se encontravam praticamente destruídos. Os seus escombros foram retirados e aqui nasceu, em 1987, uma exposição que documenta os crimes levados a cabo pelo regime nazi, colocada em algumas das paredes que ainda restaram. Mais tarde, em 2010, foi aqui adicionado um edifício de modo a albergar parte dessa mesma exposição. Neste local também é possível ver ainda partes do Muro de Berlim.

Muro de Berlim

Depois desta lição de história, seguimos até um dos mais emblemáticos edifícios da cidade – o Reichtag. Fortemente abalado durante a Segunda Guerra, este palácio é a casa do parlamento alemão e é possível visitar a sua cúpula mediante marcação prévia. Esta marcação pode ser feita aqui ou num pequeno quiosque junto ao mesmo. A entrada gratuita.

Esta cúpula simboliza a unificação da Alemanha e foi desenhada por forma a aproveitar a luz do sol e as águas pluviais para tornar esta estrutura “amiga do ambiente”. Uma vez no seu topo é possível espreitar para baixo e visualizar o plenário (um dos principais objetivos). Além disso, oferece vistas deslumbrantes sobre a cidade.

Berlim: o que visitar em 5 dias – dia 04

Bunker da Segunda Guerra, bairro de Mitte, Alexander Platz, Marienkirche, Denkmal für die ermordeten Juden Europas e Pariser Platz e as suas Portas de Brandenburgo

No penúltimo dia desta viagem fomos conhecer o que há “debaixo” de Berlim: um dos muitos bunkers da Segunda Guerra, construído para proteger os civis dos ataques aéreos. A entrada faz-se pela estação de metro de Gesundbrunnen e permite-nos aprender muito sobre o terror vivido durante estes ataques, mas também sobre a propaganda levada a cabo por Hitler.

Este bunker é também uma espécie de museu visto que alberga vários objetos originais relacionados com a guerra como armas, fardas, máscaras de gás, utensílios domésticos, etc.. Na estrutura resta ainda, nalguns sítios, tinta original que brilha no escuro e que servia para iluminar as salas em caso de corte de energia. A visita é guiada e não é permitido tirar fotos. Aconselho vivamente a visitar este local de modo a ter uma outra visão da cidade. Esta empresa oferece também outras visitas subterrâneas guiadas. Mais informação aqui.

De seguida visitámos o Antigo Cemitério Judeu (Alte Jüdische Friedhof) no bairro de Mitte. Pouco resta deste cemitério. Aberto desde 1672, em 1943 foi destruído pelos nazis mas dois anos depois transformou-se num parque que é possível visitar e onde podemos encontrar ainda algumas sepulturas.

Este bairro distingue-se pela sua vertente artística desde a mais sofisticada à mais alternativa e pela fusão de gerações.

Mitte

Podemos explorar os terraços interiores em constante transformação e, olhando para a calçada, vemos pequenas placas douradas à porta das casas. Foram aqui colocadas como forma de homenagear e recordar aqueles que outrora foram arrancados dos seus lares e deportados à força para os campos de concentração. As pequenas placas indicam o nome, data de nascimento, local de deportação e, na maior parte dos casos, também a data da morte. Eram nessas casas que viviam estas pessoas.

Fernsehturm
Marienkirche
Denkmal für die ermordeten Juden Europas

Já na Alexander Platz cujo nome foi dado em homenagem ao czar Alexandre I da Rússia, é possível observar o Relógio Mundial (Weltzeituhr) e a grande torre do Fernsehturm. Esta torre de radiofusão é observável de inúmeros pontos da cidade e é um símbolo da mesma. A torre é visitável e tem um restaurante giratório no centro da esfera.Aqui próximo encontra-se também a Marienkirche, a igreja mais antiga de Berlim.Acabámos o dia a visitar o Denkmal für die ermordeten Juden Europas, um memorial para as vítimas judias do Holocausto. O centro de informação encontra-se por baixo dos blocos cinzentos que compõe o memorial. No seu interior são relembrados aqueles que foram e jamais voltaram. Algumas das mensagens aqui expostas enviadas pelos prisioneiros aos seus familiares ou amigos são bastante emocionantes.Ainda deu para passar uma última vez, ao anoitecer, pela Pariser Platz e vislumbrar novamente a Brandenburger Tor (Porta de Brandemburgo) e a sua famosa quadriga.

Berlim: o que visitar em 5 dias – dia 05

Kaiser Wilhelm Gedächtniskirche e walking tour alternativo

Hoje foi o dia da despedida 🙁 Mas como o avião só partia à hora de jantar ainda deu para ver muitas coisas! Começámos pela Kaiser Wilhelm Gedächtniskirche. Desta igreja pouco ficou de pé pois foi severamente bombardeada em 1943. Junto à mesma existe agora uma nova de design moderno. Este é um dos monumentos mais importantes de Berlim.

Deu tempo para fazermos ainda outro walking tour, desta vez mais alternativo, pela cultura underground berlinense. A empresa (Alternative Berlin Tours) que promove estes tours dedica-se precisamente a explorar o “lado b” de Berlim. Escolhemos o tour gratuito que durou cerca de 3h. Este passeio foca-se essencialmente na arte de rua, graffiti e em bairros com bares e festas alternativos. Ficamos a conhecer como se desenvolve e como acontece a arte urbana passando pelos vários pontos onde a mesma é visível.

Portas de Brandenburgo

E assim terminaram estes 5 dias cheios de cultura e novos conhecimentos. Espero voltar num futuro próximo a Berlim e explorar o tanto que ficou por ver e sentir. Se as cidades alemãs são a tua onda, deixa-te levar também até Hamburgo!

Auf Wiedersehen!

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6 comentários

  1. Olá! Relativamente à visita que fez ao bunker, fui ao site mas não percebi qual a opção que escolheu das várias visitas e tours disponíveis… Pode dizer-me qual foi? Obrigada, Joana

  2. Berlin é um lugar realmente extremamente rico de cultura, mas muito pesado também né? Vendo suas fotos, principalmente no campo de concentração, me bateu aquele sentimento triste sabe? É uma história muito complicada e pessoas mais empáticas acabam ficando meio “puts, que merda”.
    Mas confesso que gostaria muito de conhecer. E caramba, o museu é incrível, e haja disposição pra fazer tudo isso em apenas 5 dias hein!

    Beijos.

    1. Olá Jade! Sim, na verdade é um pouco pesada visto que a sua história recente é infeliz 🙁 Sei que há pessoas mais sensíveis que se recusam a ir a campos de concentração pois são locais muito tristes. Mas também há muitas coisas bonitas que superam a carga negativa! 5 dias é pouco para uma cidade tão grande por isso tentei ver o máximo possível. Com vontade tudo se arranja 🙂 Beijinhos *

  3. Excelente roteiro e descrições! Da próxima vez não deixe de visitar Potsdam nos arredores de Berlim e alcançável de comboio. É maravilhosa! ☺

    1. Olá Helena, muito obrigada pelo comentário, terei em conta a sua sugestão numa próxima visita 🙂

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